Uma reflexão sobre o #PewDieGate e o caso do “Você Sabia”

Acontecimentos como os que tivemos essa semana ferem toda a indústria de conteúdo digital. Como isso pode mudar?

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por Bia Granja e Dani Costa Besouchet

Essa semana não está sendo fácil para os grandes youtubers ao redor do mundo. Começamos com o PewDiePie tendo seu contrato cancelado pela Disney/Maker e seu canal retirado dos preferenciais de monetização do Youtube por conta de matéria do The Wall Street Journal apontando práticas anti-semitas do youtuber. A discussão ainda está rolando e fizemos uma série de tuítes que resumem nossos aprendizados sobre o caso PewDiePie até o momento, você pode ler todos aqui.

E hoje uma notícia foi publicada pela Folha, trazendo a informação de que youtubers do canal “Você Sabia” receberam dinheiro do governo para fazer merchan favorável à reforma da educação no Ensino Médio. Mais tarde, o G1 trouxe outras informações.

Sobre o caso em si, queremos dizer apenas que: a) É proibido, por lei fazer publicidade e não avisar. Não pode, não tem o que questionar (artigo 36 do Código de Defesa do Consumidor), b) Estamos vivendo na era da Pós-Verdade, onde os fatos importam muito pouco frente à nossa opinião pessoal sobre eles, por isso não vamos discutir aqui o caráter do conteúdo do vídeo publicado pelo canal e se eles foram “contratados” para falar ou para “falar bem” sobre o tema, c) O valor pago à eles não é da conta de ninguém, todo trabalho tem seu preço e o deles não é definido pelo quanto você curte ou não o canal.

Assim, para além da briga da política esquerda-direita, queremos trazer aqui uma outra reflexão.

Como o YOUPIX está diretamente envolvido na construção desse mercado de criadores de conteúdo digital, quando algo desse tipo acontece, imediatamente somos questionados sobre a nossa posição — e também atacados por defende-los. Mas é inegável a revolução que esses creators causaram na comunicação e extremamente palpável e mensurável o poder que eles tem de influenciar a cultura e o consumo de milhões.

Nosso propósito no YOUPIX é impulsionar a indústria de conteúdo digital como um todo, não só os criadores de conteúdo mas também os demais players atuantes aí: as marcas e suas agências (que atuam diretamente no processo de financiamento do trabalho desses creators), os intermediários diretos (que precisam direcionar seus trabalhos para algo além da parte comercial) e indiretos (brokers, agências, matchmakers, etc — aqui exclusivamente focados em negócios), as plataformas que os abrigam (que tem seus próprios desafios de monetização e desenvolvimento) e outras empresas que nasceram pra explorar economicamente as oportunidades desse mercado.

Falar em ecossistema, indústria e mercado, pressupõe falar de dinheiro, de negócios, de todo um aparato empresarial que se forma e precisa ser financiado de alguma maneira. E foi assim que, de 2 anos pra cá, o ecossistema que se formou em torno do trabalho que esses jovens fazem se tornou diverso e mais complexo.

O criador de conteúdo, essencialmente jovem e fazendo um trabalho pessoal e instintivo, é a parte menos preparada para entender a magnitude e complexidade do trabalho que realizam. É muito comum ouvir eles se chamando de artistas. E é muuuuito pouco comum o entendimento de que são “empresários de mídia” ou coisas do tipo.

Acontecimentos como os que tivemos essa semana (e também me refiro aqui ao #PewDieGate) ferem todo o mercado de criadores de conteúdo, já constantemente atacado e diminuído por seu caráter “pouco profissional”, por sua molecagem inerente. Existe muito preconceito, existe muita visão simplista, rasa e reducionista sobre o trabalho dos criadores de conteúdo digital. Esse universo vai muito além do Youtube, e no próprio Youtube existe muito mais do que aqueles 10 canais teens que todos amam odiar. O site de vídeos recebe mais de 400 horas de conteúdo por minuto no mundo. Só no Brasil são mais de 250 canais com mais de 1 milhão de inscritos e temos outras centenas de canais muito bons e menores do qual muita gente nunca ouviu falar.

Focados especificamente no produto de suas empresas, que é o conteúdo que produzem e publicam, acabam negligenciando todo os demais aspectos de um negócios sustentável: visão empresarial, gestão, estratégia de negócios, estratégia de marca. Entendemos que ser creator pressupõe ter sua vida exposta 24/7, que é um trabalho onde ser workaholic é mandatório e não opcional, mas se existe esse desejo de transformar a “arte” em business, é preciso entender que agora são empreendedores e gestores, com tudo que isso traz de bom e de responsabilidades. Ainda que, no final, não seja o creator a gerir tudo, ter essa compreensão possibilita que ele faça escolhas mais assertivas sobre seus parceiros e sobre suas decisões de negócios.

Desse outro lado, quem está ajudando essa gurizada a se entender como um negócio? A compreender que é preciso ter uma visão clara sobre suas marcas, que é preciso geri-la, desenvolvê-la, cuidar dela (principalmente em momentos de crise). Quem está ajudando essa molecada a realizar a extensão do trabalho que realizam e como ele alimenta todo um ecossistema?

O jogo aqui é jogado junto. Quanto mais o mercado investir em se desenvolver, mais ele se fortalece e, consequentemente, todos ganham — marcas, agências, agentes, MCNs, produtoras, creators, intermediários, plataformas, etc.

Mercado, vamos jogar MAIS junto?

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