
Artigo escrito com base na live do YOUPIX Talks de abril de 2020, com oferecimento da Squid e do Magazine Luiza e participação da Carla Lemos, Débora Alcantara, André Carvalhal e Bia Granja.
Temos acompanhado uma série de movimentos que irão impactar para sempre a forma como marcas e pessoas se comunicam na internet e novas dúvidas estão surgindo: qual o papel social dos influenciadores? O que eles podem fazer? Como podem ajudar? Como podem se posicionar?
Não é mais sobre mostrar a própria vida, apenas. Novos tempos e novos “poderes”, pedem maiores responsabilidades. É preciso entender que o papel do influenciador se situa em um contexto maior na sociedade. Estamos entendendo que ninguém é perfeito e talvez não seja o fim da influência como a gente conhece, mas sim o resgate da essência de influenciar: liderar, ajudar o próximo e provocar uma transformação no pensamento e ação que, para além de inspirar, causa uma mudança concreta.
“Não é o fim da influencia, mas sim o resgate do verdadeiro sentido de influenciar. A influência tem muito a ver com liderar e ajudar o outro” — Débora Alcantara (ORNA GROUP)
É preciso lembrar que audiência é diferente de influência. Agora, as pessoas estão em um momento de protagonismo e pensamento crítico, onde as escolhas estão mais seletivas, assim como o desejo de expressar suas próprias opiniões (e aqui, deixando bem claro que discordar não quer dizer cancelar).
É também um processo de corresponsabilidade: com as marcas que patrocinam essas pessoas, e com a audiência do influenciador. Não é mais de um para um milhão, é de milhão para um. Todo mundo tem responsabilidade pelo conteúdo que consume. E entendendo isso, influenciadores, marcas e audiência amadurecem juntos.
“Antes o influenciador quem tinha todo o poder de comunicação e agora está havendo uma inversão nessa pirâmide. A cultura do cancelamento é muito sobre isso, o poder na mão do povo e não na mão do influenciador” — André Carvalhal (Carvalhando)
As marcas têm um poder enorme de validação do influenciador. Está na hora de parar de escolher creators com base no número, e se conectar com que de fato significa aquela pessoa e o que ela e a comunidade dela acreditam. É a era da verdade e da conexão, e se sua marca não estiver alinhada a isso, então quer dizer que precisa de repensar seus valores.
Um exemplo disso é o recente caso da influenciadora Gabriela Pugliesi, que já teve Covid-19 e, contrariando as normas do isolamento social no mundo, realizou uma festa com outras amigas em casa. Além das críticas de toda internet por ela ter postado Stories da reunião e zombado do distanciamento social, Pugliesi também perdeu uma dezena de marcas parceiras que se posicionaram repudiando o acontecimento. O caso repercutiu sendo o claro exemplo do que NÃO fazer em tempos de crise.
O que você tê a oferecer? É só a conversa sobre produto? Se você não tem mais nada além do produto é preciso para para pensar se o que você está fazendo tem relevância.
“Antes a gente admirava aquela celebridade pela beleza, pela casca da pessoa. A gente não tinha conhecimento da vida dela, agora precisamos de profundidade” — Carla Lemos (Modices)
A partir do momento que você quer ser um criador de conteúdo, precisa ter consciência que tem responsabilidade pelo seus atos. Ter consciência que vai errar, e mais ainda, ter maturidade e humildade para arcar com os erros e evoluir a partir deles.
Se falta de verdade e coerência no seu conteúdo, você quebra um vínculo de confiança, de relação e de identidade e isso se torna insustentável. Se você está percebendo que o que você faz ou fala não tem relevância nesse momento em que está todo mundo em crise, é porque, talvez, nunca tenha tido relevância mesmo.
“Na internet a gente está se conectando por valores e interesses. O influenciador que não estiver olhando para isso, não está entendendo nada” — Bia Granja (YOUPIX)
As prioridades estão mudando e estamos revendo a forma como gastamos nosso dinheiro e nosso tempo. É o momento de validar quem de fato acrescenta algo de positivo nas nossas vidas e na sociedade como um todo.