por Bia Granja
Daí tô eu lá de boua zapeando no Facebook quando encontro esse post da amiga Claudia Assef, reproduzido por mim abaixo:
Gente, acabo de levar um não pra um credenciamento, do Lollapalooza Brasil no caso, festival que eu cobri todas a vezes em que esteve no Brasil e também uma vez no Chile.
Isso porque agora estou num site pequeno.
Alô, assessorias do Brasil: essa cabeça de menosprezar uma mídia pequena é muito pré-internet, totalmente fora da realidade que vivemos hoje. Eu, com este “site pequeno”, tenho feito matérias (eu + minha enxuta e digníssima equipe, diga-se) lindas e lotadas de likes e compartilhamentos. Estamos fazendo jornalismo de verdade e com o coração. E não por obrigação.
Enquanto vcs lotam veículos grandes de credenciais, a gente aqui vai tocando o barco, continuaremos cobrindo todos os eventos que nos interessarem, quer vcs queiram ou não.
Estou me sentindo em 1998. Que triste.
Caramba! Pleno 2016 e ainda tem empresa que acha que o mundo é governado pelo mainstream e pelo Ibope.
Sabe porque isso me incomodou muito? Porque essa negativa dada à Claudia pela organização do Lolla e sua assessoria representa tudo o que tem de errado nessa "indústria" e porque ela tá cada vez mais falida em termos de poder e representatividade.
Só pra contextualizar, a Clau Assef cobre a cena musical há mais de 15 anos. Pouca gente manja mais do paranauê do que ela. Que já esteve em todos os lados da brincadeira, DJ, organizadora de festa, produtora e jornalista, reportando sobre praticamente TODOS os eventos musicais que rolaram no país e no mundo pra grandes jornais e revistas do país.
A guria é respeitada. Faz anos que ela produz conteúdo e conhecimento sobre o assunto de maneira consistente. Ela construiu uma comunidade em torno de si. Se a Claudia fala, todo mundo para e pensa. Essa credibilidade só existe por causa dela, é de responsabilidade dela e ela empresta aos veículos para o qual trabalha de vez em quando… e não o contrário.
Esse ano, ela resolveu empreender um site novo sobre música. A URL é nova, a visitação está sendo construída, mas a jornalista é a mesma. Relevância hoje não se mede através de números. Ainda não aprendemos que números podem ser fabricados? Caramba!
Não existe mais hierarquia nas relações de produção e criação de conteúdo. É mais relevante quem faz o melhor conteúdo. Ponto!
Que tipo de conteúdo produz um jornalista que é enviado pelo seu chefe pra cobrir um evento "porque é o job" do dia? Ele vai ser representativo? Vai gerar algum tipo de valor? Pra quem? E de que forma?
Estar na grande mídia não significa mais nada se ela não representa o seu público. Informação é uma coisa. Formação de opinião é outra totalmente diferente. Um grande veículo pode ter meios pra produzir mais conteúdo e mais informação. Mas informar não é influenciar.
Tem influência quem tem verdade, quem manja do paranauê, quem cria conteúdo com paixão, quem cria uma comunidade em torno de si e gera impacto.
Isso não tem a ver com número!
Acabei de ler essa coluna do Inagaki no LinkedIn falando sobre como um cara com apenas 400 amigos no Facebook postou algo que fez uma marca de ketchups incipiente simplesmente desaparecer das gôndolas dos supermercados no Canadá.
Em pleno 2016, quem ainda não entendeu que o jogo aqui é outro vai se dar muito mal daqui pra frente.
Vivemos em um mundo em rede. Internet é long-tail! Os maiores especialistas do mundo digital estão apontando que o caminho é esse: a comunidade, o nicho, o vertical. Tudo isso construído puramente através de identidade e credibilidade… not numbers!
Precisamos sair da zona de conforto e parar de achar que tudo se resume a um TOP 10 de pessoas/veículos/coisas/influenciadores/empresas/etc. Não é só porque temos apenas 10 dedos nas mãos que não podemos contar além. Experimente começar pelos outros 10 dedos dos pés, depois pegue os do amiguinho, os do amiguinho do amiguinho, os do amiguinho do amiguinho do amiguinho e então você vai começar a entender como as coisas funcionam por aqui.
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