A dor e a beleza de um mercado que não pára de crescer

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4 min readJan 10, 2017

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O que eu espero da Indústria de Creators em 2017

por Bia Granja, co-fundadora do YOUPIX

Tenho percebido que uma parcela grande dos meus colegas da indústria de creators está um pouco insatisfeita com o estado geral das coisas.

Questionam a qualidade do conteúdo que está sendo produzido, click bait, o conteúdo tosco que faz sucesso, a briga por views, a amoeba, a concorrência entre empresas que fazem coisas parecidas e não tem diferencial, as empresas oportunistas que querem tirar uma lasquinha desse mercado que não para de crescer, os algoritmos das plataformas que não mostram o conteúdo suado que a gente faz pra nossa audiência, as marcas que não entendem o mercado e que tinham que dar mais dinheiro ou que tinham que dar dinheiro pra pessoas que não são os mesmos de sempre, o Facebook que não remunera, o CPM do Youtube que é baixo demais, o excesso de redes sociais pra atualizar a cada dia, a overexposição, a MCN que não trabalha como deveria, o creator que não trabalha como deveria, o amadorismo do mercado como um todo, o meme "ata", o discurso da Meryl Streep…

As reclamações são inúmeras e podem ser acompanhadas em posts no Twitter, em vídeos de creators insatisfeitos, em textões no Facebook, desabafos no Insta, grupos de Whatsapp, almoços e reuniões. E quase todas essas discussões tem chegado em conclusões apocalípticas que nem são conclusões de verdade.

Olha, se tem uma mensagem de Ano Novo que eu queria deixar aqui pra quem me lê, a mensagem é: CALMA, MIGUES!

Ao contrário dos meus colegas da indústria, estou extremamente empolgada e acredito do fundo do meu coração que 2017 vai ser um dos anos mais transformadores pra indústria de creators aqui no Brasil.

Outro dia o Bob tava me contando que nos anos 30, quando a indústria automobilística estava começando a viver o seu primeiro boom depois de estabelecido o conceito de linha de produção de Ford, existiam mais de 300 fabricantes de carro só nos EUA. Essa informação veio do livro "Meus anos na General Motors", escrito por Alfred Sloan, o cara que derrubou a hegemonia da Ford nos EUA e transformou os carros da Chevrolet em um dos componentes do "American Dream" da época.

Cara, 300 fabricantes de carro só em 1 país! Todo mundo queria tirar uma lasquinha do potencial de riqueza que a indústria do automóvel prometia. Sabe quantos fabricantes existem nos EUA hoje? 3! Três! 1, 2, 3! GM, Ford e Tesla (por que a Chrysler foi comprada pela Fiat).

Trago essa historinha meio nada a ver pra cá, por que eu sinto que ela tem tudo a ver com o momento do nosso mercado de conteúdo digital. Sei que a internet funciona na velocidade da luz, mas a gente não pode esquecer que essa indústria de pessoas que criam conteúdo digital fora de grandes grupos de mídia é extremamente nova. "Youtuber" só passou a ser um verbete do dicionário no final do ano passado. Concorrência, amadorismo, jogadas desleais, falta de ética e até o próprio exercício de questionar tudo isso são coisas inerentes a toda indústria nascente.

O fato de termos membros importantes desta indústria expondo alguns dos processos e motivações que comprometem o crescimento dela como um todo já é algo extremamente positivo. Há 1 ano atrás isso não estava assim tão exposto. Pode ser efeito dessa "vibe problematizadora" que assola o Brasil no momento (ainda bem!), mas pode ser também apenas que estejamos vivendo a dor e a beleza de participar da construção de um mercado novo. E é por isso que estou tão empolgada!

Já dizia não sei quem: “no pain, no gain”. Muita gente vai quebrar, vai parar, vai se dar mal, vai tentar empurrar a culpa de seu próprio fracasso pra cima de terceiros (plataformas, MCNs, marcas, a amoeba, ou sei lá o que), vai fazer coisa errada, vai questionar, vai brigar, vai ficar pra trás. Mas precisamos passar por isso tudo pra que esse mercado se estabeleça, se transforme em algo sólido e que deixe de ser visto pelos mais desavisados como “uma modinha”. Não vai ser fácil, mas é melhor que isso aconteça antes do que depois.

Avante, creators! ❤

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